ALUCINAÇÃO
A cada momento, ouve-se dizer que
a vida é alucinante, que os preços sobem de forma alucinante, que os afazeres
levam-nos a correr de forma também alucinante mas, também podemos dizer que as
pessoas, na sua maior parte, vivem na base de alucinações, algumas produzidas
pela força do querer, do desejar, do não ter e também do não desejar.
Segundo a Associação Psiquiátrica
Americana, considera-se alucinação, a percepção sensorial sem o estímulo
externo do órgão sensorial correspondente, o que quer dizer que os cinco
sentidos que percebem materialmente o que se passa, podem sentir as mesmas
coisas sem que exista o objecto físico. Desta forma, podemos ver coisas
inexistentes, ouvir sons que também não existem, sentir na pele o que só a
nosso imaginário inconsciente cria, como podemos ser “enganados” pelas nossas
pupilas gustativas ou pelo nosso olfacto.
As alucinações podem ter como
causa, certas lesões ou infecções cerebrais, ditas patológicas, certos
distúrbios psicóticos como na esquizofrenia e na epilepsia e também podem
acontecer nas psiconeuroses. Mas não são propriamente destas que gostava
de vos falar, mas daquelas que se
produzem em qualquer pessoa, dita normal. É bom também salientar que existem
alucinações positivas, como as já mencionadas, como ver o que não existe, como
também existem as negativas que, como exemplo, podemos referir o que não se vê
e fazermos referências como existam de verdade.
As alucinações também podem ser
provocadas através da modificação da consciência, como nos casos em que os
pacientes que são hipnotizados, obedecem às sugestões do operador, como também,
as drogas alucinogénias podem provocar alucinações, para não falar noutros
estímulos que também as podem provocar, como é o caso do exagerado consumo de
álcool…
Mas há, quem tenha alucinações
que, cientificamente não são propriamente alucinações mas que alucinam. Falemos
de desejos, fisicamente não concretizados que, de tantas vezes repensados e
desejados, pela impossibilidade de os concretizar, levam a criar quadros mentais
de um delírio alucinante. Como é que alguém pode sentir o que existe só no
imaginário, com pouco ou nada físico pelo meio, pode fazer com que essa
situação supere o visível e o contactável, de uma forma intensa e tão
perturbadora que ultrapasse aquilo que existe, no que se chama de real? Pois é!
É que o real e o imaginário
confundem-se. Entre estas duas funções, e no que as difere, só existe o
pensamento do acreditar…
É que, como digo várias vezes,
nada é concretizado sem ser imaginado. Ao ser pensado, o pensamento ganha forma
de uma verdade e, aquilo que para os outros é mentira, é para o próprio,
verdade com todas as letras. É este tipo alucinatório, onde o que o que não
existe como objecto físico torna-se bem sólido, é que faz alterar ou modificar a
percepção das coisas e dos valores das mesmas. As alucinações, tal como os
sonhos, têm funções, até terapêuticas, para o indivíduo e são, ainda mais
fortes ou reais, quanto maior é o poder imaginativo da mente de quem as produz.
Amar o desconhecido, viver por ele como obsessão compulsiva, parece não ter
sentido, mas tem. Basta observarmos o mundo à nossa volta. Quantas pessoas amam
Deus, sem terem provas algumas de que existe? É só uma questão e fé! O mesmo se
passa em relação aos anjos, gnomos e salamandras, com diabos pelo meio, forças
malignas e tantas outras coisas que nos podem levar a repensar as teorias do
monismo que dizem, por um lado, que só o
pensamento é real, e o corpo era
algo aparente, e numa outra corrente filosófica, só o corpo é real e o pensamento,
não mais é do que algo aparente. Hoje o corpo e o pensamento são uma única
coisa, a alma do indivíduo, o ser completo!
Prof.Herrero ( mágico-escritor)