A APARÊNCIA
Aquilo que
existe de mais real é a aparência. Aquilo que os nossos olhos enxergam, os
nossos ouvidos ouve, o nosso nariz cheira, a nossa pele sente e o nosso paladar
nos transmite, não passam de estímulos aparentes.
“ Diz-me
quem pensas ser e dir-te-ei o que não és”- Henri-Fréderic-Amiel.
As palavras
mentem mais do que correspondem á realidade dos factos e levam-nos a agir sob
manipulação quer, propositadamente ditas por quem quer passar uma mensagem
falsa, ou porque também tendo sido enganado por elas, é mais uma pessoa que
transmite o que desconhece ou aparente. Mas falemos das aparências, daquelas
que nos cercam, que convivem connosco ou, por outro lado, nos dominam.
Há quem diga
que, se o sol nascesse à meia-noite via-se muita coisa, António Aleixo, numa
das suas quadras diz: “ Dizem que pareço um ladrão/ mas há tantos que eu
conheço/ não parecendo aquilo que são/ são aquilo que eu pareço.
Existem
pobres que aparentam ser ricos como existem ricos que se fazem passar por
pobres. A mentira bem contada torna-se “verdade”e a verdade dita de forma pouco
convincente não passa, para quem a ouve, de uma vulgar mentira. As
indumentárias são a primeira mentira que o indivíduo utiliza. Quem se encontra
bem trajado aparenta ser alguém, em termos sociais e, como alguém já disse, a
primeira impressão é tudo e o resto quase nada. A partir do dito popular
“diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és, alguém criou algo semelhante:
“diz-me que carro é que tens e dir-te-ei quem és”.
“ Não
devemos julgar os homens à primeira vista, como se tratasse de um quadro ou de
uma estátua; é necessário ir mais fundo no espírito e no coração; o véu da
modéstia oculta o mérito e a máscara da hipocrisia esconde a maldade.”- Jean de
la Bruyére.
Nenhum
idiota é capaz de confessar que o é. As pessoas ainda são mais ridículas quando
querem demonstrar que não são. É mais fácil fingir o que somos do que sermos o
que fingimos. Os ornamentos mudam a realidade do objecto. Nos tempos que correm
valoriza-se mais parecê-lo do que o
sê-lo, porque raramente os outro sabem o que somos, mas sabem o que
aparentamos. Atrás de quem aparenta bom senso, idoneidade, amizade,
compreensão, sinceridade, esconde-se muitas vezes um ser maldoso e velhaco.
“ Cada homem
é uma lua, com uma face oculta, que não mostra a ninguém.”- Mark Twain.
A aparência
de cada um, faz parte de um jogo e, como tal, umas vezes o indivíduo é
ganhador, mas muitas vezes torna-se num perdedor compulsivo. Neste jogo, quem
mais joga é a classe política. Esta classe, mais do que qualquer outra, é
composta de pessoas com vários rostos, difícil de enumerá-los, por serem tantos
quantos os olhos que os vêem, o que quer dizer que, em cada pessoa, existe uma
multidão de indivíduos e, se somarmos a isto, o que cada um julga que é, pouco
se diferencia daqueles considerados esquizofrénicos….PROF. HERRERO
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