5/01/2009

O QUE PROCURAMOS?




O QUE PROCURAMOS?

Se esta pergunta for feita, a maioria responde coisas do tipo, saúde, dinheiro e amor ou, resumindo tudo isto em felicidade. É o que todos procuramos, a felicidade. Mas falarmos de felicidade, estaremos a falar de algo vago. É evidente que, individualmente, cada um diria que busca o que mais necessita. Quem se julga com saúde, já não a procura, porque a tem, quem tem poder económico, procurar o que já tem, também não faz sentido e quem se considera amado, também não sente grande necessidade em procurar o que faz parte dessa estabilidade emocional. Procuramos mais o que não temos ou que não existe para nós.
António Machado, referindo-se a não sei o quê, diz-nos poeticamente: “ procuro-te por todo o lado/ sem nunca te encontrar/ e em todo o lado te encontro/ só por te procurar.”.
Contudo, todos procuramos alguma coisa e, seja o que for que procuremos, na base fundamental de tal busca, está o prazer, o que nos pode fazer dirigir o texto para este sentido, o do prazer. O prazer, tem vários caminhos ou variantes para ser atingido. Um faminto busca o prazer de saciar a fome, o doente procura o prazer de superar a enfermidade e quem considera que tem tudo, geralmente procura o prazer de ter mais e mais. Platão diz-nos, talvez de forma unilateral, que o prazer é o isco do mal, mas Epicuro, como que a emendar o que disse Platão, contesta-o de certa forma, com a seguinte frase: “ o prazer não é um mal em si, mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade”.
Contudo, Blaise Pascal, de uma maneira mais coerente, refere; “ o homem nasceu para o prazer: ele sente-o, não sendo preciso mais provas, ele segue pois a razão, entregando-se ao prazer e, o Corão, em jeito de aviso diz: “ embriagai-vos de prazeres; desfrutá-lo-eis pouco, porque estais abandonados à iniquidade”.
Mas como é óbvio, quando se fala de prazer, parece entrarmos numa linha recta em direcção à questão sexual quando é um dos prazeres e não sinónimo de prazer. Isso em sim mesmo, nunca pode ser sinónimo de iniquidade, como outros prazeres também não o é. Dependerá do patamar a que chegamos. O sexo, parece ser dos actos mais benéficos, tanto para o físico como para a mente, tal como o vinho e outros produtos mas, evidentemente que os excessos, não podem trazer benefícios. Louis Bourdalque acerca da sensualidade diz que é: “ a desordem da impureza no homem tem excessos que a sensualidade dos próprios animais não conhece”.
Talvez o senhor Bourdalque, em vez de sensualidade, quisesse dizer sexualidade, que não pode ser a mesma coisa. Mas se falamos se excessos, teremos também de falar de abstinência. Existem sempre duas margens num rio. Não sei quais das duas partes é mais aberrante. Podemos falar em opções e outras coisas mais, mas certamente serão mais do que isso. Quem exagera tem razões e quem se abstém também as tem, mas não vejo qualquer razão de se comparar neste caso a sensualidade dos homens com os animais. Entre os homens, já sabemos mais ou menos como acontece, mas entre os animais deve ser diferente. Por alguma razão o homem sente atracção sexual durante todo o ano, enquanto os animais só a sentem em determinadas alturas, agora se existe sensualidade entre os outros animais desconheço. Nunca percebi se a escolha da cadela, em relação aos cães, para eleger o macho desejado, tem haver com estética ou com piropos, mas isso também não é importante!
Agora o homem deve buscar o lugar de prazer, porque desta maneira, sentirá a vida ser mais bela, pois que, quando se movimenta com conforto, a busca desse lugar é sempre em função do seu bem-estar. Se é a praia, a floresta, a igreja, ou que quer que seja que procura e o faz sentir-se atraído, procura sempre o prazer.

JANTAR DOS 13