5/04/2009

ASPECTO DA SALA DE UM JANTAR DOS

CHUVA QUE CAI




CHUVA QUE LIMPA

A chuva que cai, mesmo que de forma suave, cumpre a sua missão e tem tanta beleza como qualquer primavera. É um aborrecimento, diz o sentir de muita gente, como algo indesejável, mas como é óbvio é um bem e não um mal. Quando o mundo se vir privado desta preciosidade, não será um aborrecimento, mas o fim da vida na terra. Isto é claro, não é nada de novo, mas para quê dizer coisas novas, quando os conceitos antigos têm de ser vistos à luz dos nossos dias e, são essas visões, apelidadas de novas que, adaptadas às novas formas de vida nos dão perspectivas diferentes de agir…
Não sei se será mais aborrecido, não termos aborrecimentos do que os ter. O Homem, esse eterno insatisfeito, aborrece-se com quase tudo, para não dizer com tudo. Se está calor é porque está calor, se chove é porque está desagradável. Se não chove ou se não está sol, também está aborrecido, o mesmo acontece nas diferentes áreas do viver. Certamente, aquilo que o homem desejava, era poder ir ao hipermercado e comprar o que desejava sentir e ter. Se dessa maneira tivesse esta solução, agiria mais ou menos assim: “ quero dois litros de chuva, cinco embalagens de sol, sortido de amor, um milhão de euros em pequenos sacos e, certamente cada um enchia carrinhos do tudo e do nada, conforme fosse o freguês”.

Mas como temos tudo dado pelos céus, excepto “a massa” de marca euros, não podemos deixar estragar a mãe natureza, essa sim é o maior hipermercado do universo, não perdoando as maldades que lhe fazem… virando-se cada vez mais para os agressores, que, no fundo, somos todos nós.

A chuva limpa a sujidade em geral e, simbolicamente falando, limpa também os nossos aborrecimentos, as nossas ansiedades e as nossas amarguras, basta sentirmos como ela tem força de apagar os incêndios das nossas almas, o ódio que nos corre nas veias, limpando também as profundezas das nossas consciências.

“ O homem superior gosta de ser lento em palavras, mas rápido em obras” – Confúcio.

Bom seria que a chuva limpasse as doenças que, cada vez mais, arrastam tanta gente a viagens sem regresso, como seria igualmente importante que a chuva tivesse a força de limpar mentalidades, essas bem poluídas por venenos que exterminam montanhas de inocentes que, são levados nas enxurradas das tempestades da guerra, porque a água, mesmo água, não chega tão profundo.

Valoriza-se o lago de água transparente, mas pragueja-se a tempestade, outrora atribuída à ira dos deuses; milhões de pessoas em todo o mundo, fazem enormes distâncias, para banhar-se nas ondas de qualquer mar como nesse mar não existissem as águas das tempestades…

Esses que amaldiçoam o que a natureza dá, são os mesmos que renegam as estrelas, com medo de se encandearem com o seu brilho ou que elas lhes caiam em cima. A água é a nossa vida, a deusa que nos limpa e nos dá o que se pode chamar tudo, como nos pode tirar tudo, principalmente quando a natureza fica enraivecida.

“ Homem que só bebe água, tem um segredo a esconder aos seus semelhantes” – Charles Bau