1/13/2011

DUAS ALMAS


TER DUAS ALMAS

Não é para arranjar qualquer confusão. Nada disso. Quem pode dizer que tem duas almas? Quem assim pode afirmar é quem, de verdade, tem um amigo. A amizade, é a parte mais nobre do ser humano, contudo, não se poderá dizer que tudo é assim linear. A sociedade, na qual estamos inseridos, rotula-nos pelas amizades que temos. Se somos amigos de um ladrão, somos tidos como tal, se entre as nossas amizades estão homossexuais, corremos também o risco de nos julgarem dessa forma e, estas coisas, estão tão enraizadas nas mentalidades do ser que raramente fugimos a estes preconceitos. Mas a amizade não pode escolher opções do ser e do estar, porque acontece entre pessoas, por vezes, completamente diferentes. Tudo se diz acerca da amizade e, certamente não terminará aqui. José Echegaray diz: não há amigo de amigo, não há familiares nem família, nem tão pouco irmãos, quando há ambição pelo meio. Esta análise, leva-nos a suspeitar que a ambição é inimiga da amizade. Outra vez os jogos de interesses, do dinheiro, do poder e de outros venenos que contribuem para apodrecer a realidade mais bela do ser. O amigo diz, convicto, fica, em vez de vai. Quando um assume ar de superioridade, a amizade perde-se, porque ela dura quando entre amigos existe a consciência de igualdade e não de seres superiores. Nunca se deverá ridicularizar a quem chamamos amigo. Não devemos esquecer que é mais fácil encontramos alguém que se apaixone por nós, do que um verdadeiro amigo, porque, como diz Jean de Bruyère, o amor nasce subitamente, por temperamento ou fraqueza, quando um traço de beleza nos desperta e nos prende. A amizade, pelo contrário, constrói-se pouco a pouco, com o tempo, na prática, por um longo convívio.

Contudo, da amizade, pode nascer um grande amor mas, ao contrário, é mais difícil. O amor transforma-se mais facilmente em ódio do que em amizade. Os amigos são, o que se pode dizer, escolhidos por nós, ao contrário da família que, podemos dizer foi fruto do acaso. Os amigos, quando deles precisamos, aparecem sem os chamarmos, como que recebessem por vias extra-sensoriais informações do cosmos. Dos falsos amigos nem é bom falarmos, razão que levou alguém a dizer que um falso amigo é pior do um inimigo. Penso que sim. Afinal de contas, ao consideramos alguém como verdadeiro amigo, não supomos que nos traia, ou que, nas nossas costas, tenha um comportamento de maldade. Em relação ao inimigo, já sabemos com o que podemos contar, pelo que não nos vai chocar…porque de inimigos tudo podemos esperar.

“ A amizade é uma associação formada entre as pessoas que professam mutuamente um carinho mais forte do que o resto dos homens.”-Barão de Holbach.

Às vezes dizemos a um amigo o que nunca diríamos a outras pessoas, até aquilo que ele não gostaria de ouvir mas, a forma como o fazemos é diferente e, também a maneira de entender é igualmente nobre, por saber que um amigo verdadeiro nunca diria coisas para o aborrecer ou para o deixar ficar mal.
Se nos zangamos e não perdoamos, então é porque a amizade não tinha a grande expressão que geralmente lhe atribuímos….
A amizade verdadeira, não pode ficar abalada por ofensas ingénuas ou superficiais e, como tal, temos também o direito de reconhecer o que perturba a outra parte, porque o estado de espírito nem sempre é o mesmo e, o nosso amigo pode não estar a passar por um momento muito agradável…
Seja como for, quem tem um amigo, tem duas almas e, certamente, ambas contribuem para o bem-estar de ambos.

1/12/2011

MULHERES


FALANDO DAS MULHERES

“A mulher bela é um livro com uma só página que se lê com um só olhar. A mulher bondosa e bela é um livro com tantas páginas que uma vida inteira não chega para o folhear, nem para o nosso coração sentir todas as emoções”-Severo Catalina.

Tudo se diz das mulheres e, são as próprias que mais mal falam delas mesmo. Dizem que têm a língua comprida, falam das roupas que vestem, provocam ciúmes. Referem traições e um nunca mais acabar de “lavagem de roupa suja”, como também as que mais referem essas condições de mulher, não fossem também mulheres. E dizem mais! Que os melhores amigos são homens….pois, está bem!
A perfeição do homem só existe pela permanência da mulher a seu lado e, se os homens falam das malditas mulheres, esquecem-se que não podem viver sem elas, porque são filhos de mulheres, têm filhos de mulheres, são geridos, por mulheres, mesmo quando pensam que são os reis de todas as selvas. Mas outras questões se levantam. Porque razão a maior parte das mulheres amam mais quem as aborrece e afastam-se de quem as quer? Porque se diz que as mulheres são homens imperfeitos? Que as mulheres são parecidas aos sonhos porque nunca serem como as desejamos que sejam; que as mulheres são feitas de contradição; que quem corre atrás duma mulher cheia de vaidades ela tem tendência a fugir e, se fugirmos dela, a tendência é perseguir-nos…

Num provérbio português, encontramos os seguintes ensinamentos ou comentários: três coisas fazem da mulher quase nada: um chapéu, uma briga e uma salada. Mulher magra sem ser de fome, foge dela que te come. Mulher honesta não tem ouvidos.

Todas as pessoas gostam de ser elogiadas, mas as mulheres alimentam-se deles e, quando começam a rarear, esforçam-se por tê-los de volta, fazendo tudo, até cair no ridículo para se sobressaírem, para se tornarem notadas. Sobe-lhes a auto-estima, endireitam a coluna vertebral erguendo os seios e utilizando dispendiosos produtos de camuflagem a que chamam de beleza, para se acharem belas. Hoje, nas conversas femininas, ouve-se mais falar de silicone, lipoaspiração,” botox” e outras artificialidades, do que de boa alimentação, dita saudável. Os ginásios estão cada vez com mais repletos de gente em nome do belo, a maior parte são mulheres. Muitas inventam situações para ganhar mais alguns trocados, para fazer face às necessidades extras para se enquadrarem num status social que lhes permita desenvolver a beleza, à qual chamam de evolução feminina…
“ Todos os trajes femininos são apenas uma transacção entre o desejo óbvio de se vestir e o desejo secreto de se despir.”- Lin Yuntang.
Há quem diga que não se deve confiar numa mulher que diz a verdade acerca da sua idade, porque quem assim age também não conseguirá guardar segredo em relação aos segredos dos outros. Óscar wilde dividia as mulheres em dois grupos, as feias e as que se pintam e adianta: gosto de um homem que tem um futuro e das mulheres que têm um passado. Virgílio considera que a mulher é volúvel e inconsciente, mas Virgílio não teceu considerações acerca da inconsciência porque, como diz Freud, é o inconsciente que nos domina e, como tal, é talvez a razão das mulheres serem tão intuitivas e desenvolverem capacidades de percepção em maior grau do que os homens. Mas falar
das mulheres é falar de um ser humano que, tal como o homem tem defeitos e qualidades…

QUERO LÁ SABER


QUERO LÁ SABER…

Manílio diz que cada pessoa é uma pequena imagem de Deus. Pois bem, para alguém concluir tal hipótese tem que conhecer as pessoas e conhecer Deus, o que eu duvido. Contudo, tanto Deus como as pessoas podem ser vistas por diversos ângulos e o que cada um vê é com cada qual. Não quero saber, nem me abre o apetite à discussão, porque é assim: em relação às pessoas serem pequenas imagens de Deus, Deus teria que ser frágil, ambicioso pela negativa, maldoso, corrupto e tantas coisas mais atribuídas ao homem e que demonstram bem o abismo existente entre um Criador e os que foram criados por Ele. Se, para termos uma ideia de Quem nos criou, olhamos para a sua obra, que somos nós, e achamos que alguma coisa deve estar errada, porque o produto acabado é feito de uma matéria de tal forma corrosiva que não deve existir moldes divinos para formar tais absurdos mas, como diz Santo Agostinho, consegue-se compreender melhor a DIVINDADE ignorando-a, o que nos leva a outra situação, ou a divindade é filha da ignorância ou Deus criou-a, como uma forma de sabedoria, para se perceber o divino, o que pressupõe um mundo de coisas absurdas. O não-saber, neste caso é igual ao saber e, se assim é, não existe razão para se avançar para lá da ignorância, por ser só desta maneira que se compreende melhor as coisas, mesmo as divinas.
Aristóteles diz, entre outras coisas, que Deus é no mundo, como um maestro é para a orquestra, ou o comandante é para o seu exército. Ora bem, mais um pensamento pouco pensado. Deus nunca pode ser comparado a um maestro ou a um comandante. É evidente que existem bons e maus maestros, mas a ideia dos que aceitam Deus, nunca poderá ser a de um mau comandante ou de um mau maestro, porque estes “predicados” só podem ser atribuídos aos homens, senão porque andaria tudo “à batadada?”. Deus só tinha que ter uma orquestra afinadinha e um exército bem alinhadinho…e não andar cada um a marcar passo para o seu lado, que é o que acontece, por nos ter sido dado “o livre arbítrio”.
Como diz Mazzini, Deus existe porque existimos; vive na nossa consciência, na consciência da humanidade, no universo que nos circunda.
Mas a questão que pode ser levantada, é se Deus deixa de existir quando perdemos a consciência ou quando deixamos de existir. Neste pensamento, Deus só existe porque foi criado pelo homem logo, quando este perde a consciência ou deixa de existir, Deus não tem mais razão de existir também.
E o resto que foi atribuído à criação de Deus? Das plantas aos peixinhos, dos oceanos ao firmamento, da formiga ao elefante?
Quer dizer, como sem pessoas não existe consciência e sem consciência não existe Deus, os outros seres só podem existir numa anarquia desgovernada…” sem comandante ou maestro”.
Por minha parte estou-me nas tintas. Quero lá saber? Nem pedi para vir nem para partir, e não estou para estragar a minha “mona” com questões que não me levam a parte alguma. Não estou contra os que aceitam e os que não aceitam Deus e, quer exista ou não, não é por eu acreditar ou não acreditar na Sua existência que Deus existe ou deixa de existir.
De resto como afirma J.G. de Araújo Jorge, Deus fez o homem, nós fizemos Deus. Estamos quites.
Quero lá saber…

1/11/2011

SÁBIOS E ESTÚPIDOS


SÁBIOS E ESTÚPIDOS

Procurarmos o conhecimento é o caminho mais seguro para nos sentirmos sábios mas, quando alguém sabe que nunca será um sábio, chega à uma meta maior do verdadeiro saber. A diferença entre o que é tido como sábio e aquele que é considerado estúpido, é menor do que entre um homem vivo e um cadáver. Nenhum homem é totalmente sábio, como não há ninguém que seja totalmente estúpido. Nestas designações não existem totalidades, existem sim, pessoas que são donas de um saber imenso, e mais sapientes são, quando não desprezam a pobreza de espírito daqueles que pouco sabem.
Embora não se possa confundir ignorância com estupidez, o certo é que a ignorância facilita o desenvolvimento de actos estúpidos. Contudo, temos que olhar o ignorante, não como um alvo a abater, mas como um alvo que o meio abateu, impedindo-o de trilhar caminhos que o pudessem levar ao imenso mundo da sabedoria. Agora os que, sem impedimentos, conseguiram ter todos os caminhos abertos em direcção ao conhecimento, com total consciência disso e o que sabem, fazem de conta que ignoram, em nome de interesses estúpidos e desumanos. Esses, certamente que não têm perdão, nem dos homens nem dos deuses, por não haver coisa mais terrível do que o poder dos estúpidos, criado dentro de um círculo, onde estão a força e a ganância… entre outros ingredientes do mal, que reina no mundo dos verdadeiramente parvos. Esses que sabem o que a terra sofre com os punhais de traição com que vão cortando as suas veias. Nada fazem para impedir o sufocar lento, mas progressivo da mãe natureza e não evitam o uso e abuso de armamento cada vez mais mortífero e tóxico, que destrói tantos os seres vivos, como a base do viver, presente e futura. O problema da água, do degelo, do aquecimento global, nada disso lhes interessa, porque essa sua estupidez e não ignorância, leva-os a fazer guerras para serem senhores do petróleo, das armas, da droga, das almas dos outros e certamente do mundo, senão do universo com todos os deuses incluídos…
Mas não é assim!
Porque virá a altura, em que não serão donos de nada, porque a natureza não mais será de ninguém, nem suportará mais agressões e, nessa altura, arrastará ignorantes, estúpidos, senhores do mundo e os que ainda são considerados sábios.
. Cervantes dizia que o maior estúpido sabe mais na sua própria casa do que o sábio em casa alheia e Chamfort afirmava que existem mais loucos do que sábios, mas que no sábio existe muito mais de loucura do que de sabedoria.
Se o saber está sempre em evolução, levando-nos a crer que caminhamos em direcção às estrelas a verdade, contudo, parece ser outra. O que aparentemente sobe, desce cada vez mais ao abismo dos infernos, às das idas sem regresso. Quando a ciência descobre remédios para uma doença, fica em mãos com outras novas maleitas que resultam, muitas vezes das suas novas descobertas. O conforto excessivo também é gerador de desconforto.
A perversão dos homens tem a ver muito mais com a sabedoria do que com a ignorância e, seria catastrófico, se já nascêssemos com a categoria de sábios.
Para obtermos respostas temos que levantar questões e mesmo que admitamos como certo o que se busca, podemos partilhar e viver na base de grandes erros. Não foram os sábios que disseram que o Sol girava à volta da Terra?
“ Seis honrados servidores/ Me ensinaram quanto sei; / os seus nomes são como, quando, onde, onde, o quê, quem e porquê. - Rudyard Kipling.

AMAR AS PEDRAS...


AMAR AS PEDRAS

Parece não ter sentido, mas talvez tenha. Haverá quem não ame as pedras? Mas já lá vamos…
Pitigrilli, descreve o amor de uma forma algo engraçada, quando diz que amor é “um beijo, dois beijos, três beijos, quatro beijos, cinco beijos, quatro beijos, três beijos, dois beijos, um beijo e nenhum beijo”.

O amor é tudo aquilo que cada um achar que é, mas parece que numa coisa todos estão de acordo: O amor é um sentimento!
O amor dá vida, mas também mata, dá força, mas pode enfraquecer o mais forte dos seres, dá alegria mas pode entristecer mesmo aqueles que se julgam imunes a este vírus do coração da mente. Contudo, poucos são os que nascem fruto do amor, como poucos seriam os nascimentos se não houvesse prazer na concepção dos novos seres. Significa isto, que é o prazer que comanda a natalidade dos homens e dos outros seres.

Apesar de haver as mais díspares posições para explicar o que é o amor, o certo é que há coisas na vida que são mais para sentir do que para explicar. O amor é uma delas. Afinal de contas o homem, muitas vezes, quanto mais explica mais erra. Será, no tema em questão, necessário grandes explicações?
Ama-se e pronto.
Quando o homem começa a ser dono de um certo conhecimento e pode manipulá-lo, começam as chatices, sempre crescentes, para a humanidade. Considero que toda a evolução é também uma viagem ao absurdo e, como os exemplos são mais que muitos, desde que o homem é homem, o que pode vir a seguir, pode ser algo idêntico ao que já aconteceu antes, noutras situações da vida.

Aquilo que parecia ser algo útil, numa certa altura e, visto por um certo ângulo até era, tornou-se mais tarde nas descobertas mais críticas e indesejáveis para a humanidade, como a energia atómica ou nuclear.

O melhor será mesmo a química do amor não ser percebida em laboratório, para que mais uma coisa artificial não seja utilizada contra o próprio homem, mesmo que pareça a favor dele.
Penso que a questão sexual, em termos de atracção e desejo, é o caminho que leva mais facilmente ao amor, quer haja ou não consciência disso.
Quem ama, ama sem questionar porque ama e, tanto pode amar o bonito como o feio e, nas suas múltiplas formas de amar até ama as próprias pedras… principalmente quando as pedras, ao serem esculpidas em forma dos deuses da sua devoção, toma dimensões daquilo que ele aceita como real.
As pedras podem ser amadas, fazendo parte daquilo que amamos, como a nossa casa, a estrada por onde passamos e tantos outros objectos que são compostos também por pedras, agora o difícil será sabermos se as pedras têm sentimentos e se algum dia vão amar os homens, que habitualmente as pisam.
O Homem ama tudo, até as pedras, mesmo que diga que não.
Quando alguém diz que ama menos é porque já não ama, mas quando os dois olham para o mesmo lugar em vez de cada um olhar para um lugar diferente o amor existe em ambos.
“Melhor é um prato com legumes servido com amor do que um borrego servido com ódio.”-Salomão.