7/05/2011


A ESTUPIDEZ

Há quem diga que tudo tem limites, exceptuando-se a estupidez. A verdade, pensando bem, até parece ter sentido. A inteligência é limitada, a estupidez não.
Confúcio diz que, quando alguém põe o dedo na ferida, só os estúpidos pensam que o importante é o dedo.
Esta citação, faz-me lembrar aquela anedótica situação em que o filho, virando-se para o pai, lhe diz que está com dor nas botas. O pai repreende-lhe, dizendo que a dor não está nas botas, mas sim nos pés. O filho reforça a ideia de estar nas botas, porque quando as descalçava, passava-lhe a dor…
Goethe considera que os sábios e os tontos são inofensivos, mas que os meios sábios e os meios tontos é que devem ser temidos.
Será que um tonto não diz coisas inteligentes? E será que uma pessoa inteligente não diz tolices?
Duvidar de tudo não será estupidez? E não duvidar de nada, não será igualmente estupidez?
Aos nossos olhos, vemos muita gente estúpida. Por outro lado, não seremos estúpidos aos olhos de muita gente? Mais tolo do que tolo ignorante é o tolo camuflado de esperto.
Ninguém é tolo por dizer tolices, mas sim, depois de reconhecer que as disse, insiste em as voltar a dizer.
Quem se aproxima mais daquilo que consideramos estupidez, são os que se consideram donos do saber.
A estupidez torna-se sábia, quando os resultados são positivos, e a sapiência torna-se uma parvoíce quando os resultados são negativos.
Muitos sábios, concluíram ser estúpidos, quando as suas descobertas levaram os homens à destruição. Muitas das boas ideias tornaram o ser humano ainda mais estúpido. O maior estúpido é aquele que direcciona a sua inteligência para se aproveitar dos estúpidos.
Todos nós nos tornamos estúpidos perante o incognoscível ou perante aquilo que desconhecemos. O parvo torna-se inteligente quando está calado. O inteligente torna-se parvo quando argumenta com ênfase aquilo que desconhece.
Fazer tolices de vez enquando não é estupidez é sensatez. As tolices controladas são inteligentes.
Um tolo não reconhece um sábio como tal, considerando-o um outro tolo.
“ Um néscio consegue fazer numa hora mais perguntas do que as que um sábio consegue responder em sete anos. “ – John Ray
Há quem defenda que devemos perdoar as tolices uns dos outros, mas se todas as tolices fossem perdoadas, o mundo seria ainda mais dominado por gente estúpida.
Num mundo de tolos o não – tolo é louco!
Rimo-nos da estupidez dos outros, mas não nos rimos da nossa própria estupidez.
Viver uma vida inteira sem tolices é uma autêntica loucura.
A estupidez, quando apoiada por muitos estúpidos, tem uma força enorme, capaz de superar a força dos inteligentes. A história narra episódios: Hitler e Napoleão são dois grandes exemplos…
Hoje fico-me na tolice de referir a estupidez.
Difícil é concluir onde começa a sensatez e acaba a estupidez ou, onde começa esta e termina a outra.
Mesmo que sejamos estúpidos e não nos apercebemos do que somos, podemos viver enganados, mas não vivemos estúpidos, porque não nos julgamos sensatos.
Pior do que sermos estúpidos, é sentirmos que a auto-imagem, aquilo que vemos em nós, é feita de estupidez.

PROF.HERRERO