8/19/2017

A TENTAÇÃO


Quero e não posso; posso e não quero; posso e quero e quero e posso.
No fundo de nós mesmos, somos dominados e condicionados por decisões deste tipo, por decisões de decidir e por decisões de não decidir, embora a decisão de não decidir seja igualmente uma decisão.
Quando podemos e não queremos é, na maior parte das vezes, fácil de decidir. Podemos fazer uma caminhada todas as manhãs, mas porque desejamos dormir, ou evitar levantarmos mais cedo, decidimos não querer fazer a caminhada. Quando queremos e não podemos, a verdadeira luta do querer entra em acção, principalmente quando queremos transformar aquilo que desejamos em poder. O querer e não puder associa-se, sem grande esforço, aos indivíduos negativos, aos que não lutam, aos que não estabelecem metas a alcançar e aos, que, embora afirmem que querem, pouco ou nada fazem para poderem.
“ Quem mais pode, menos pode”. – Aristóteles.
Mas todos podemos… pelo menos tentar. Quando tentamos alcançar alguma coisa já estamos a construir, a empreender a caminhada que nos pode levar a alcançar objectivos predefinidos. Podemos não ganhar a lotaria, mesmo apostando nela, mas sem apostarmos, nunca seremos contemplados com a “sorte”.
Na vida temos que apostar, jogar em várias frentes, para que possamos obter resultados.
“Se queres encher o mealheiro, coloca agora a primeira moeda”. – o pensador.
Uma estratégia derrotista, leva-nos a resultados negativos.
Aquilo que queremos as nossas metas, devem ser bem definidas. Depois de as definirmos, só temos que arranjar os meios, um transporte que nos pareça seguro, para chegarmos ao que definimos como metas a alcançar.
Queremos e não podermos é limitarmos a nossa força. Todos nós temos força para nos tornarmos atletas da vontade, mas se não exercitarmos as nossas potencialidades elas não nos conduzem aos louros da vitória.
“O tempo é bastante comprido para aqueles que o aproveitam; quem trabalha e quem pensa alonga-lhe os limites”. – Voltaire.
Ainda sobre a questão do posso e não quero, este não quero, está conectado com valores sociais e morais. Uma parte considerável dos desejos são travados por um não querer receoso ou de medo. Um indivíduo pode querer alcançar uma determinada satisfação, mas ao afirmar que pode e não quer, pode não querer arriscar algo, porque a razão da consciência torna-se mais forte para o impedir de cair em “tentação”.
Neste contexto entra também a religião que apela para não se cair em tentação.
Ao que pode e não faz para não cair em tentação, pode ficar aliviado pelo o facto em si, mas pode também ser vítima de ideias reprimidas. Como aquilo que se reprime pode levar a perturbações graves, ficamos sem saber o que nos prejudica mais, se ser tentado e cair em tentação se reprimir e não cair em tentação.
“Que sabe aquele que nunca foi tentado?”- Bíblia.
Contudo, Epicuro diz para nos despacharmos em sucumbir à tentação antes que ela se afaste de nós.
Mas o que fazem os políticos se não nos tentarem a cair em tentação? O que fazem os peixeiros quando gritam “freguês, peixe fresquinho”? Todos idealizam motivos para aguçarem os nossos apetites para ver se caímos em tentação. Às vezes caímos, e se é uma tentação saborosa, damos mais uma dentada na maçã.
É uma tentação cair em tentação. Pecado, é muitas vezes não termos força para cairmos em tentação!
PROF.HERRERO-MÁGICO