3/25/2010

outras realidades

OUTRAS REALIDADES

A realidade é aquilo que acreditamos que seja real, razão porque se diz que a mentira repetida, torna-se real. Os políticos, está confirmado, são os que mais mentem, mas não repetem por muito tempo a mesma mentira, vão modificando, com arte e manha, através de uma retórica calculista, até que a realidade seja percebida, mas desculpada, por atingir um patamar de mentira piedosa.
A vida é, como se diz, feita de ilusões e são estas que dão colorido à própria vida. O lado mais escuro do existir é anestesiado por imensas ilusões conscientes e inconscientes, podendo-se dizer que não podemos passar sem essas defesas dessas realidades irreais, ou será que tudo não passa de ilusão e que escolhemos algumas, para que a realidade tenha razão de existir.

Como disse alguém, que nunca se identificou, a ilusão entra em cena quando a realidade lhe dá a mão, mas também pode ser vista de forma contrária: a realidade entra em cena quando a ilusão lhe dá a mão!

Será que existe possibilidade de as diferenciar, já que a mesma coisa é real para uns e ilusório para outros?

“A utopia é o princípio de todo o progresso e o desejo de um futuro melhor” ; “ Sem ilusões, a humanidade morreria de desespero ou de enfado”. Anatole France.

Até que ponto o sonho de um ideal não é mais belo do que a própria concretização? O desejo de ter pode ser mais estimulante do que na verdade alcançarmos o que se deseja. Amar aquilo que não se conhece, o desconhecido, pode ser mais atractivo do que amarmos o que se conhece. As histórias, os contos, as lendas, narrações e imaginários têm um efeito maior e mais compensador nas nossas mentes do que a maior parte daquilo a que chamamos de realidade.

“Na utopia de ontem, foi engendrada a utopia de hoje, assim com na utopia de amanhã de amanhã palpitam novas realidades.” – José Ingenierios.

O próprio Balzac diz que o melhor da vida são as ilusões e Victor Hugo diz que a alma tem ilusões como as aves têm asas: é isso que as sustêm. Multatuli considera que as ilusões perdidas são verdades encontradas e, entre tantos outros, cito Marquês de Sade, quando diz que o homem seria o mais infeliz dos seres se, da necessidade que ele sente de ter uma ilusão, nascesse a realidade correspondente.

O certo, é que todos vivemos movidos pela ilusão, se este certo também, não mais é do que uma ilusão. Toda as realidades têm por base a ilusão, sendo a arquitectura da ficção até evoluir para uma outra realidade, que seja vista pala maioria, como uma realidade em colectivo, tal como as alucinações também colectivas, onde toda a gente confirma a existência de um existir que na perspectiva de realidade não existe.
Somos “o penso logo existo” ou “o existo logo penso”?
Talvez não haja necessidade de nos preocuparmos com o que é ou não real, porque o mais importante é o que sentimos e, quer exista ou não, cabe a cada um de nós inventá-lo, mesmo que tudo não passe da mais surpreendente ilusão. Talvez a maior realidade que existe para o ser humano é não aceitar nada como certo ou real, nem ele próprio que foi criado por Deus, ou teria sido ele mesmo que criou Deus?

PROF.HERRERO