3/01/2013

O PRAZER


O PRAZER
                                                             
            O prazer não pode ser a isca do mal, como refere Platão, nem mata em nós qualquer coisa, como diz Julien Green. O prazer é um bálsamo que nos faz sentir que a vida tem a sua beleza. Sem ele, muitos dos nossos objectivos desvaneciam-se nos nevoeiros do nosso caminho, talvez nem a morte, tivesse algum sentido.
            Ninguém pode ter prazer de comer peixe se não gostar de peixe mas, se a fome “falar mais alto”, comer peixe será certamente um autêntico manjar dos deuses…
            Tal como a maior parte das coisas que nos rodeia, o prazer também é relativo. O prazer não é igual para todas as pessoas. O prazer de um pode ser o desprazer de outros. Quantos de nós ficamos perturbados com os  desvios de prazeres ditos normais, de uma parte considerável de outros indivíduos?
            “O prazer não é um mal em si, mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade”. ((Epicuro) É como quem diz: “Não há bela sem senão”!
            A sociedade aceita o prazer que é comum à maior parte das pessoas, não entendendo, como a dor, os maus tratos, o abuso, a violação, o roubo e muitos outros desejos e comportamentos que fazem parte de um leque de satisfação para muitos que, de resto, têm uma vida aceite em termos sociais.
            “A vantagem do amor sobre o deboche é a multiplicação de prazeres” (Charles Monterguien) Há quem dê a volta ao mundo em busca de um prazer, ou de um prazer seleccionado pelos sentidos. O prazer desenvolve-se a partir de necessidades psicológicas, psico-físicas, biológicas e outras que parecem englobar todas estas. Alguns fogem ao controlo do consciente e das normas impostas. São de tal forma fortes que cegam aqueles que os procuram, podendo-se dizer que, em certas circunstâncias não são os homens que dominam os prazeres mas sim estes que os dominam.
            “Enquanto não tivermos encontrado mais nada, para além das mulheres, para fazermos de filhos, elas conservarão, sobre os corações dos homens, o seu direito e o seu império” (Paul Claudel).
            Quando se fala em prazer, surge, na cabeça da maior parte das pessoas, a ideia sexual do prazer, talvez porque tudo esteja ligado ao sexo (Freud). Se falamos do prazer de ser mãe, temos que concordar que esse prazer só existe pelo acto sexual que o antecedeu, esquecendo-me propositadamente das outras formas de fecundação… que indirectamente também têm a ver com sexo…
            “A multidão daqueles que se abandonam ao prazer sem respeito, contribui mais para o desonrar do que aqueles que o condenam e se abstém dele”. (Marcel Jonhandeau)
            Pelo prazer que me deu escrever este artigo, dedico a frase de Óscar Wilde  o todos os nossos leitores:
            “Os prazeres são as únicas coisas que vale a pena serem vividas. Nada envelhece tão depressa como a felicidade”.

PROF.HERRERO