4/17/2009

AO SABOR DO VENTO

AO SABOR DO VENTO

Tinha terminado de saborear a “biquinha matinal” quando um conhecido se abeirou a cumprimentar-me. Conversa puxa conversa, o que me levou a perguntar-lhe o que fazia agora em termos profissionais, ao que me respondeu que estava desempregado. Com ele vinham mais dois amigos. A mesma questão foi colocada ao segundo, que me disse ser ajudante do primeiro. Fiquei esclarecido, mas não me impediu de perguntar ao terceiro o que fazia na vida. Pois, disse-me o homem, como eles estão ocupados, eu não faço nada!
Melhor não podia ser esclarecido…
Depois, sozinho no meu estar e sentir, questionei-me sobre o que se diz por aí, que a crise começará a desaparecer a partir de 2011. Pois, pensei eu, como é possível, isto dar a volta com a maior parte a fazer como fazem estes amigos?
Depois cheguei a casa e lá estava o nosso amigo Obama a dizer que prevê que mais bancos possam falir. Fiquei a saber que o novo dono do mundo também é vidente. Que coisa, os bancos a falirem? Aqui há tempos, estas coisas nunca me passaram pela cabeça, como nunca me passou pela cabeça que a crise americana não atingisse Portugal, como certos “espertes” à portuguesa chegaram a afirmar. Que coisa. São entendedores de economia que afirmam coisas destas?
Fazem-me lembrar, nas alturas de grandes catástrofes, os que difundem notícias (as primeiras), nunca dão conta de vítimas, depois, as seguintes, dizem que há pouco mais de uma centena e, mais tarde, ficamos a saber que são muitos milhares de mortos...
Hoje, em que escrevo este artigo, uma senhora, tida como vidente. desapareceu numa praia de Ovar, levada por uma onda para o gigante mar, onde acabou por falecer. Estava a fazer um ritual para afastar maus-olhados, não contando que ela própria estava a ser vítima de mau-olhado ou de bruxaria segunda a sua própria crença de vidente. É evidente que a sua vidência não funcionou, senão não seria vítima da sua própria negligência. Até os avisos sobrenaturais estão em crise.

“ Sob uma sombra verde, com um pouco de pão, vinho, o livro de um poeta e tu cantando a meu lado no deserto, o deserto seria um paraíso!”. – Omar Khayyam.

“ A liberdade costuma andar vestida de farrapos; mas apesar disso é muito bela, mais bela do que todas as libras de ouro e prata.” – Madame Necker.

As notícias estão igualmente a mudar. Quem apregoa que daqui algum tempo pode empregar quinhentas pessoas, torna-se motivo de grandes e destacáveis notícias, quase nada sendo referindo nos medias em relação às empresas que despedem mais de um milhar, de cada vez…
Quando não há notícias de crimes, é uma chatice dentro das “redacções”, que leva a exclamações do género: “ hoje ninguém mata ninguém”. Todos, querem mostrem ou não, são sanguinários e se algum cientista descobre algo bom para a humanidade, pouco interessa para quem vende notícias…

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