1/11/2011

SÁBIOS E ESTÚPIDOS


SÁBIOS E ESTÚPIDOS

Procurarmos o conhecimento é o caminho mais seguro para nos sentirmos sábios mas, quando alguém sabe que nunca será um sábio, chega à uma meta maior do verdadeiro saber. A diferença entre o que é tido como sábio e aquele que é considerado estúpido, é menor do que entre um homem vivo e um cadáver. Nenhum homem é totalmente sábio, como não há ninguém que seja totalmente estúpido. Nestas designações não existem totalidades, existem sim, pessoas que são donas de um saber imenso, e mais sapientes são, quando não desprezam a pobreza de espírito daqueles que pouco sabem.
Embora não se possa confundir ignorância com estupidez, o certo é que a ignorância facilita o desenvolvimento de actos estúpidos. Contudo, temos que olhar o ignorante, não como um alvo a abater, mas como um alvo que o meio abateu, impedindo-o de trilhar caminhos que o pudessem levar ao imenso mundo da sabedoria. Agora os que, sem impedimentos, conseguiram ter todos os caminhos abertos em direcção ao conhecimento, com total consciência disso e o que sabem, fazem de conta que ignoram, em nome de interesses estúpidos e desumanos. Esses, certamente que não têm perdão, nem dos homens nem dos deuses, por não haver coisa mais terrível do que o poder dos estúpidos, criado dentro de um círculo, onde estão a força e a ganância… entre outros ingredientes do mal, que reina no mundo dos verdadeiramente parvos. Esses que sabem o que a terra sofre com os punhais de traição com que vão cortando as suas veias. Nada fazem para impedir o sufocar lento, mas progressivo da mãe natureza e não evitam o uso e abuso de armamento cada vez mais mortífero e tóxico, que destrói tantos os seres vivos, como a base do viver, presente e futura. O problema da água, do degelo, do aquecimento global, nada disso lhes interessa, porque essa sua estupidez e não ignorância, leva-os a fazer guerras para serem senhores do petróleo, das armas, da droga, das almas dos outros e certamente do mundo, senão do universo com todos os deuses incluídos…
Mas não é assim!
Porque virá a altura, em que não serão donos de nada, porque a natureza não mais será de ninguém, nem suportará mais agressões e, nessa altura, arrastará ignorantes, estúpidos, senhores do mundo e os que ainda são considerados sábios.
. Cervantes dizia que o maior estúpido sabe mais na sua própria casa do que o sábio em casa alheia e Chamfort afirmava que existem mais loucos do que sábios, mas que no sábio existe muito mais de loucura do que de sabedoria.
Se o saber está sempre em evolução, levando-nos a crer que caminhamos em direcção às estrelas a verdade, contudo, parece ser outra. O que aparentemente sobe, desce cada vez mais ao abismo dos infernos, às das idas sem regresso. Quando a ciência descobre remédios para uma doença, fica em mãos com outras novas maleitas que resultam, muitas vezes das suas novas descobertas. O conforto excessivo também é gerador de desconforto.
A perversão dos homens tem a ver muito mais com a sabedoria do que com a ignorância e, seria catastrófico, se já nascêssemos com a categoria de sábios.
Para obtermos respostas temos que levantar questões e mesmo que admitamos como certo o que se busca, podemos partilhar e viver na base de grandes erros. Não foram os sábios que disseram que o Sol girava à volta da Terra?
“ Seis honrados servidores/ Me ensinaram quanto sei; / os seus nomes são como, quando, onde, onde, o quê, quem e porquê. - Rudyard Kipling.

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