9/04/2017

A ILUSÃO DO SABER

            “UM HOMEM É SÁBIO QUANDO BUSCA A SABEDORIA E LOUCO QUANDO JULGA TÊ-LA ENCONTRADO”. (P. António Vieira)

            A sabedoria não passa de uma ilusão. Procuramos, procuramos, mas quando julgamos que a encontramos, ela foge-nos para mais longe e, se a seguirmos, ela sempre se afasta. Sempre assim foi e sempre assim será…
            Mesmo que tenhamos esta consciência não conseguimos parar, nem mudar de atitude. Corremos sempre na esperança de a agarrarmos, de a possuirmos, de desfrutarmos da sua grandiosidade. Esperamos até que nos dê a imortalidade!
            De ilusão em ilusão, apenas conseguimos utilizar rasgos de sabedoria…
            “O SÁBIO DEVE MANDAR; FAZ-SE CIÊNCIA COM FACTOS, ASSIM COMO SE FAZ UMA CASA COM PEDRAS; MAS UMA ACUMULAÇÃO DE FACTOS NÃO É MAIS CIÊNCIA DO QUE UM MONTE DE PEDRAS É UMA CASA”. (Henri Poincamé)
            Contudo, a sabedoria do mal tem as pernas curtas e desloca-se à velocidade do caracol. Qualquer pessoa, por mais ignorante que seja utiliza-a, basta saber falar!
            Por seu lado, a sabedoria do bem, embora possa ser utilizada com facilidade, a maior parte foge dela.
            O que seria da humanidade, se houvesse um só homem que fosse, que manipulasse a sabedoria na sua plenitude? Seria provavelmente um deus mau, capaz de submeter todos os seres às mais cruéis barbaridades.
            Talvez se conclua que é positivo a SABEDORIA não passar de uma quimera.
            Vendo as coisas por outro ângulo, o mal não estará na busca ilusória do saber, mas sim na utilização do que se sabe. Os exemplos são mais do que muitos, na história do homem, quando os grandes conhecimentos são utilizados. Os avanços no sentido da destruição têm sido tantos que, comparados com os que procuram debelar os males da humanidade, nem sequer se assemelham.
            Continua a fome a matar, a guerra a destruir em várias frentes, as doenças minam sem piedade…
            “O homem seria o mais infeliz dos seres se, apenas da necessidade que ele sente de ter uma ilusão, saísse de imediato a realidade correspondente”. (Marquês de Sade)
            Como isso não acontece como passo mágico e, se assim fosse, seria uma forma de dominar a sabedoria. Continuamos, desta forma, presos à ilusão do saber e com ela iremos sempre viver.
            “O TEU SABER POUCO VALE SE NINUÉM SOUBER QUE TU SABES”. (Pérsio)

            “QUANTO MENOS SE SABE MAIS SEGURO SE ESTÁ DE TUDO SABER” (John Cary)
            A ilusão do saber, como qualquer outra ilusão, acompanha-nos toda uma vida, todo um percurso. Com ilusão ou sem ilusão, o saber é a bagagem que podemos transportar para qualquer sítio, atravessar qualquer fronteira, levar-nos às discussões, às oratórias, à afirmação. Não importa o que sabemos, nem o que os outros tenham ou não que concordar.

            A ilusão do saber existe em qualquer sítio e só a deixamos de sentir quando o nosso cérebro mais nada podendo fazer, nos empurra para a escuridão total e o ser ou o não -ser deixará de ser!

PROF.HERRERO

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