12/14/2017

A APARÊNCIA
Aquilo que existe de mais real é a aparência. Aquilo que os nossos olhos enxergam, os nossos ouvidos ouve, o nosso nariz cheira, a nossa pele sente e o nosso paladar nos transmite, não passam de estímulos aparentes.
“ Diz-me quem pensas ser e dir-te-ei o que não és”- Henri-Fréderic-Amiel.
As palavras mentem mais do que correspondem á realidade dos factos e levam-nos a agir sob manipulação quer, propositadamente ditas por quem quer passar uma mensagem falsa, ou porque também tendo sido enganado por elas, é mais uma pessoa que transmite o que desconhece ou aparente. Mas falemos das aparências, daquelas que nos cercam, que convivem connosco ou, por outro lado, nos dominam.
Há quem diga que, se o sol nascesse à meia-noite via-se muita coisa, António Aleixo, numa das suas quadras diz: “ Dizem que pareço um ladrão/ mas há tantos que eu conheço/ não parecendo aquilo que são/ são aquilo que eu pareço.
Existem pobres que aparentam ser ricos como existem ricos que se fazem passar por pobres. A mentira bem contada torna-se “verdade”e a verdade dita de forma pouco convincente não passa, para quem a ouve, de uma vulgar mentira. As indumentárias são a primeira mentira que o indivíduo utiliza. Quem se encontra bem trajado aparenta ser alguém, em termos sociais e, como alguém já disse, a primeira impressão é tudo e o resto quase nada. A partir do dito popular “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és, alguém criou algo semelhante: “diz-me que carro é que tens e dir-te-ei quem és”.
“ Não devemos julgar os homens à primeira vista, como se tratasse de um quadro ou de uma estátua; é necessário ir mais fundo no espírito e no coração; o véu da modéstia oculta o mérito e a máscara da hipocrisia esconde a maldade.”- Jean de la Bruyére.
Nenhum idiota é capaz de confessar que o é. As pessoas ainda são mais ridículas quando querem demonstrar que não são. É mais fácil fingir o que somos do que sermos o que fingimos. Os ornamentos mudam a realidade do objecto. Nos tempos que correm valoriza-se mais  parecê-lo do que o sê-lo, porque raramente os outro sabem o que somos, mas sabem o que aparentamos. Atrás de quem aparenta bom senso, idoneidade, amizade, compreensão, sinceridade, esconde-se muitas vezes um ser maldoso e velhaco.
“ Cada homem é uma lua, com uma face oculta, que não mostra a ninguém.”- Mark Twain.

A aparência de cada um, faz parte de um jogo e, como tal, umas vezes o indivíduo é ganhador, mas muitas vezes torna-se num perdedor compulsivo. Neste jogo, quem mais joga é a classe política. Esta classe, mais do que qualquer outra, é composta de pessoas com vários rostos, difícil de enumerá-los, por serem tantos quantos os olhos que os vêem, o que quer dizer que, em cada pessoa, existe uma multidão de indivíduos e, se somarmos a isto, o que cada um julga que é, pouco se diferencia daqueles considerados esquizofrénicos….PROF. HERRERO

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